sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Nem verso, nem amor.




Coloca o par de luvas sobre a mesa
Deixa os cigarros caírem no chão
Os fósforos na mão
O cinzeiro emborcado, contramão.
Olha para a janela como se ali algo tivesse
Quem sabe alguma prece
Quem sabe alguém lhe apresse
Na gaveta uma garrafa de Conhaque, uma garrafa de Whisky
Põe o coração no liquidificador
Esperando dispersar toda dor, complementar o ardor...
Cai de joelhos sobre o assoalho frio, esperando o vazio e algum calafrio
Lava o único copo o qual não quebrou e coloca no escorredor.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Branco e cinza.

                                                                                                                             Imagem: W. Scott Forbes.
As cores se esvaem pelos poros...
E nenhum sentimento mais se retém ali
Na visão do branco e cinza o “real” se torna uma questão de visão
Sem todas aquelas cores para atrapalhar eu consigo enxergar um pouco de beleza em coisas que não damos bola quando vistas em cores...
O mundo em branco e cinza não é tão triste... não é tão solitário assim, só é incompreendido por aqueles que carregam os grilhões  das cores. 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Nada era meu.




Tenho andado assim pelas ruas na madrugada feroz
Onde o breu consome a alma e nos refugiamos dentro de garrafas
Nossa respiração não passa de uma tragada vorás implorando para que esta seja a ultima noite, mas nunca é...
Ao acordar pela manhã eu percebo que minhas mãos já não tremem mais, não existe mais ressaca, mesmo com todos os excessos da madrugada passada.
Não dói mais... nem quando eu escuto aquela velha canção que lembra nos dois, não dói mais, na verdade acho que nunca doeu pelo “nos”, doeu por eu ser egoísta e querer um amor só meu.
Não sou uma pessoa boa, nunca fui, mas sempre fiz de tudo para que o que fosse “meu” sempre estivesse melhor do que eu...
Meus amigos, meus amores, minha família, meu trago... tudo meu... até mesmo minha dor...
Hoje aqui nesse quarto com meio cigarro no cinzeiro, algumas garrafas de Vodka já vazias jogadas no chão eu percebo...
Nada foi meu, nem mesmo a minha dor. 

domingo, 14 de outubro de 2012




No maço somente um cigarro, procuro em meus bolsos e não acho isqueiro algum, sento na beira da cama e me pergunto: “O que mais hoje?”.   

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Tome algumas doses...




Já não enxergo as minhas mãos, na verdade não enxergo mais nada.
Tome algumas doses que tudo passa eles disseram, tome algumas doses que esta dor irá passar, não passou.
Quando tudo em que acreditamos, tudo que conquistamos todos nossos sonhos, realmente tudo se transforma em pó e vemos esvair-se por dentre os dedos começamos a acreditar que acabou.
Não acabou.
Não acho que seja assim
Não acho que este seja o plano, se é que um dia ouve um.
Estou ficando louco paranoico... é... acho que sempre foi assim, eu só não queria acreditar
O tempo esvoaça como cinzas de cigarro pelo vento, e quando percebemos “BAM” ele nos mostra que nada, NADA do que fizemos a vida inteira... nem trabalho, seguir as regras, “amor”, nada disso foi real... tudo foi uma regra imposta para termos um sensação inebriante de “PAZ”.
Quando percebemos que tudo isso é uma ilusão parece que acordamos de um pesadelo e estamos em um mundo de caos, onde todos sabem qual é a doença, mas preferem tomar PLACEBO e fingir que estão curados.
Tome algumas doses que tudo passa eles disseram, tome algumas doses que esta dor irá passar, mas não passou. 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Escute o seu caminho.



Um homem caminha só pela estrada...
Despreocupado ele caminha escutando o silêncio...
Admira o caminho e como tudo por ali é tranquilo...
Este homem segue caminhando e refletindo...
Passou a vida ouvindo as orquestras e bandas de Punk que regiam as vidas dos demais a sua volta...
Logicamente pensava que esta trilha sonora fantástica, deveras, também era parte sua...
Logo com tal pensamento e certo “q” de comodismo seguiu vivendo embalado pela sonoplastia alheia, achando que era a sua própria...
Dançando, cantando, festejando o que nunca foi seu...
Quase ao fim desta caminhada reflexiva ele percebe...
A trilha sonora fantástica... nunca fora de sua vida...
E sim dos demais...
Acaba percebendo que toda sua vida vivera em silêncio...
Escutando o som do silêncio...
Só então nota que não há nada melhor neste mundo,
 do que escutar o som do seu próprio caminho. 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Café frio.




Um café frio em cima da mesa...

Um sentimento requentado no coração...
Alimento-me de sobras, resquícios de memórias, de sentimentos...
Caminho de um lado para o outro...
Pensando, sempre pensando...
Não existem mais guardanapos limpos nesta casa, ora bolas não existem mais guardanapos limpos...
Já não sei o que faço, se cozinho algo novo 
ou requento amor de novo...
Acho melhor eu sair para jantar fora...
Pois não cozinho e nem requento...
Só espero me servirem o que já está pronto.
O café continua frio em cima da mesa...
Pego um casaco o guarda chuvas e saio de casa...
Vou para o restaurante.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Soluços, ebriedade e frio.



O meu coração...
Grita desesperado todas as noites por liberdade
Ora sussurra...
Ora murmura...
Não me deixe aqui tão só...
Trancado em um lugar onde só existe frio...
Seu peito não abriga mais calor... nem mesmo para si...
Meu coração mendiga calor...
Qualquer migalha de amor... até mesmo requentado...
À noite eu não suporto seus gritos...
Embriago-o com conhaque para ver se o distraio...
Já ébrio ele se acalma e descansa...
Soluça lamentações
Eu o mando se calar...
Mas como o fazer calar...
Se eu também preciso de calor...
O inverno é rigoroso e a brisa invade meu quarto pelas frestas da janela...
Está tão frio que mal consigo dormir...
Você sente frio também?

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Café com conhaque.



Nada mais que um maço de cigarros em cima da mesa, um café com conhaque em uma xícara quebrada e um pouco de lamentações sobre o papel...
Assim vejo minhas noites sendo transformadas em delírios...
Os delírios do cotidiano...
Garrafas quebradas no canto do bar, algumas garotas dançam friccionado seus corpos cobertos pelo manto da sensualidade...
Eu observo isso pela minha janela todos os fins de semana...
Já não sinto mais tesão... não, eu ainda sinto tesão pelas garotas se esfregando, mas não sinto tesão por sair deste quarto...
Noites a fio enlouquecendo dentre quatro paredes...
Sem vontade alguma de sair para ver o mundo lá fora...
Sem esperança alguma de que algum dia as pessoas valham a pena.

Inadequável.



Não chores
Não te mostre fraco assim
Morda os beiços e segure n’alma
Não deixe seus olhos o trair transbordando em sentimentos
Fique firme...
Aja como um ser humano moderno...
Não sinta.
Não apaixone-se, é proibido...
No mundo moderno tudo é proibido...
O que vem d’alma é proibido.
E quem foi que fez isso?
Quem proibiu?
Ora bolas, nós mesmos...
É mais fácil viver assim, mais suportável talvez...
Olhamos em linha reta...
Acaso olhares para o lado será tido como uma aberração...
Se não segues o padrão logo serás mal tratado...

O pássaro e o relojoeiro.



Vejo um pássaro pela janela, enquanto lubrifico pequenas engrenagens de pequenos relógios...
Um pássaro que me deixa tão triste...
Ele está sempre lá, fora da minha janela...
Enquanto lubrifico pequenas engrenagens de pequenos relógios para suas máquinas não pararem, ele está ali...
Tentando mostrar-me algo...
Já o tentei espantar, mas de nada adiantou...
Já atirei pedras, gritei: Saia daqui, não vês que assim não consigo concentrar-me em meu trabalho...
 Mas ele se mantém ali, fora da minha janela...
Às vezes parece que ele quer entrar para brincar...
Mas eu nunca abro a janela...
Às vezes quando acordo penso que foi tudo um sonho, então quando chego a minha oficina e abro as persianas lá está ele...
Novamente fico triste...
Eu sinto um pouco de mim naquele pássaro...
Seria solitário se ele não aparecesse...
Mas mesmo assim fico triste...
Tento expulsar-lo sempre...
Pois possuo certa inveja, sim inveja...
Ele me faz lembrar que sou homem que conserta máquinas, portanto também sou máquina...
Ele me faz querer sair correndo de minha pequena oficina, me atirar de um penhasco, abrir as asas e planar... sentir o vento em minhas orelhas...
Fecho  os olhos e fico imaginando por alguns instantes...
Rapidamente volto a mim e grito: Saia daí, não vês que me atrapalha, assim não consigo concentrar-me em meu trabalho...   

terça-feira, 12 de junho de 2012

Pura asneira.




Não me venham com lenga-lengas...
Querem-me o contrario do que sou...
E sou o contrario do que querem contrariando contradições...
A contrariar seu cotidiano...
Querem-me morto...
Querem-me surdo...
Querem-me mudo...
Querem-me cego...
Querem-me racional...
Para o inferno com o que querem de mim,
 a única coisa que terão de mim é a mais completa insanidade...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Um cigarro




Espero enquanto fumo um cigarro
Eu sei sempre foi assim
Corra se não for capaz de ser feliz
Você sempre escondida atrás de espelhos tentando fingir ser eu
Eu sei, eu sempre espero...
Espero enquanto fumo um cigarro
Espero fingindo não saber que tu estás ali




Achava que era impar...
Hoje descubro que sou par...
Se não em sentimento que ao menos seja em pensamento... 


quinta-feira, 8 de março de 2012

In memoriam.


Um homem um dia me ensinou...
Que não é preciso diferir palavra alguma para demonstrar amor.
Descanse em paz Vô...






Uma homenagem ao Senhor: Amaro Pereira Cougo.

terça-feira, 6 de março de 2012

Entre dentes e lábios.


Já te imaginei entre dentes e lábios
Já te desejei somente em carne...
Desnuda e acida
Agressiva e voraz
Mordo os beiços ao pensar...
A cada segundo um delírio
Um amor, um descaso...
Um acaso, um afago...
Já te imaginei assim, entre dentes e lábios
Teus dentes, meus lábios...
Teus lábios... em fervor...


Eu precisava de mais uma dose e um amor louco... só pra relembrar o sabor que a vida tem...

sábado, 3 de março de 2012


Vomitarei em teus pés e logo direi:
 “Sou assim por dentro... ainda me queres?”

quinta-feira, 1 de março de 2012

Desejos noturnos IV


Te pego do dorso e te devoro lentamente...
Pequenos pedaços, de fragrância em fragrância...
Dominando-te aos poucos, agarrando-te pela nuca...
Liquidificando teus sentidos com a ponta da língua...
Fazendo-te desfalecer em deleites...
Um gemido já sem forças...
Tu cais desnuda em meus braços, esperando afagos...
Eu visto minha roupa, pego meu pagamento e saio pela porta sem ao menos olhar para traz...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Um retrato teu...


Trago na carteira um retrato teu...
Ele sempre esteve lá...
Algumas mulheres perguntam: por que tu ainda guardas o retrato dela?
Eu bebo uma dose de vodca, paro por alguns instantes... e digo:
Para lembrar-me que algum dia eu cheguei a amar...
Bebo mais uma dose...
De dose em dose meu corpo e minh’alma ficam mais dormentes e fica mais suportável a idéia de não mais conseguir sentir... de não mais poder ser...
E assim de dose em dose aumenta e diminui meu tempo, aumenta e diminui meu viver...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

[Vicio]


O “amor” é como cocaína, cujo qual estamos sempre procurando pela sensação da primeira vez...
Às vezes acho que estou próximo, é quando me deparo com algumas garrafas de whisky vazias e um desconhecido corpo nu em minha cama...
As noites não precisavam ser assim, as noites não deveriam ser assim, uma caçada brutal pela “droga” que acalma a alma...
Somos o que somos, seres humanos frágeis, sem imunidade para esta doença [vicio] que é o “amor”...
Eu sou o que sou e procuro em garrafas vazias e corpos desnudos o que um dia me proporcionaste...