terça-feira, 4 de outubro de 2011

Delírios noturnos.


Acabou-se a noite, não assim como uma noite deveria acabar, findou-se lentamente, talvez até mesmo trágica e com certo “Q” de poética...
 A situação não mudara há semanas, os copos vazios, os corpos vazios de tudo o que poderia haver para preencher... Os cigarros queimavam enquanto suas cinzas esvoaçavam pelo salão, a fumaça era tão densa que mal podíamos enxergar... Um bêbado sentado na escada, lamentando-se pela fuga de sua namorada com o seu “amigo”, “mais uma dose de gim para o meu camarada”, pede o musico que também estava ébrio, “com estas coisas de amor não se brinca”, diz o mesmo, veja eu, por exemplo, sou um bom pianista, mas não sei tocar em Clave de Fá (Exclama o musico)... A noite segue embalada por um jazz lento e chorado... e eu logo ali sentado em uma mesa degustando um conhaque bem encorpado, meu cigarro, e os delírios noturnos de minha pequena cidade... as noites por aqui são assim, inebriantes e monótonas.
Toda sexta-feira é um reflexo da segunda anterior... os mesmos rostos, as mesmas musicas, o pianista que não sabe tocar em Clave de Fá... o garoto que chora pela namorada que o abandonou... os cigarros, suas cinzas, a fumaça, os copos e corpos vazios...
Sinto-me nauseado com tudo isso, pego meu conhaque, meus cigarros, saio do bar e vou para a calçada em frente... logo me deito no meio da rua sob a garoa rala esperando um taxi ou alguém que me leve pra bem longe daqui.

Um comentário:

  1. Gostei. Consegui imaginar bem o cenário, o copo vazio nos corpos vazios e todo o resto. Bacana esse!!

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